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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 57

Adimanto respondeu:

- Talvez, Sócrates, a primeira maneira seja mais cómoda.

- Por Zeus! - retorqui -, não é para admirar! Com efeito, as tuas palavras sugerem-me esta reflexão: em primeiro lugar, a natureza não fez cada um de nós semelhante a cada um, mas diferente em aptidões e apto para esta ou aquela função. Não achas?

- Sim, acho.

- Mas como? Em que caso se trabalha melhor, quando se exercem vários ofícios ou um só?

- Quando se exerce só um - disse ele.

-Também é evidente, parece-me, que, quando se deixa passar a ocasião de fazer uma coisa, essa coisa perde-se.

- É evidente, com efeito.

- É que o trabalho, creio eu, não espera o lazer do operário, mas é o operário que, necessariamente, deve regular o seu tempo pelo trabalho, em vez de o adiar para os seus momentos livres.

- Necessariamente.

- Por conseguinte, produzem-se todas as coisas em maior número, melhor e mais facilmente, quando cada um, segundo as suas aptidões e no tempo adequado, se entrega a um único trabalho, sendo dispensado de todos os outros.

- Muito certamente.

- Portanto, Adimanto, são precisos mais de quatro cidadãos para satisfazer as necessidades de que falámos. Com efeito, é verosímil que o agricultor não faça a sua charrua, se quer que seja boa, nem a enxada, nem os outros instrumentos agrícolas; também o pedreiro não fará a sua ferramenta; ora, também ele precisa de muita. O mesmo se passará com o tecelão e o sapateiro, não achas?

-Acho.

-Temos, assim, carpinteiros, ferreiros e muitos operários semelhantes, que, tornados membros da nossa pequena cidade, aumentarão a sua população.

- Com certeza.

- Mas ainda não seria muito grande se lhe acrescentássemos boieiros, pastores e outras espécies de guardadores de gado, a fim de que a agricultura tenha bois para a lavra, o pedreiro, assim como o agricultor, animais de carga para os carretos, o tecelão e o sapateiro peles e lãs.

- Também não seria - disse ele - uma pequena cidade se reunisse todas essas pessoas.

- Mas - prossegui - fundar uma cidade num local onde não houvesse necessidade de importar nada é quase impossível.

- Com efeito, é impossível.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 57

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265