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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 56

- Parece-me que isso está muito bem dito - respondeu.

- Agora - continuei -, se observarmos o nascimento de uma cidade, não veremos a justiça aparecer nela, assim como a injustiça? - Provavelmente - disse ele.

- E, em seguida, não poderíamos esperar descobrir mais facilmente o que procuramos?

- Sim, sem sombra de dúvida.

- Parece-vos então que devemos levar até ao fim esta busca? Na minha opinião, não é tarefa fácil. Ponderai-a.

- Está ponderado - disse Adimanto. - Continua.

- O que dá nascimento a uma cidade - prossegui - é, creio eu, a impossibilidade em que se encontra cada indivíduo de se bastar a si mesmo e a necessidade que sente de uma quantidade de coisas; ou achas que há outra coisa na origem de uma cidade?

- Nenhuma - respondeu.

- Deste modo, um homem junta-se a outro homem para determinado emprego, outro ainda para outro emprego, e a multiplicidade das necessidades reúne na mesma residência um grande número de associados e auxiliares; a esta organização demos o nome de cidade, não foi?

- Perfeitamente.

- Mas, quando um homem dá e recebe, actua na convicção de que a troca se faz em seu proveito. - Sem dúvida.

- Pois bem! - continuei. - Lancemos em pensamento os alicerces de uma cidade; estes alicerces serão, aparentemente, as nossas necessidades. - Sem objecção.

- A primeira e a mais importante de todas é a da alimentação, de que depende a conservação do nosso ser e da nossa vida. - Com certeza.

- A segunda é a da habitação; a terceira a do vestuário e de tudo o que se relaciona com ele. - É isso.

- Mas vejamos! - disse eu. - Como poderá uma cidade fornecer tantas coisas? Não será necessário que um seja agricultor, outro pedreiro, outro tecelão? Poderemos acrescentar um sapateiro ou qualquer outro artesão para as necessidades do corpo?

- Certamente.

- Portanto, na mais estrita necessidade, a cidade será composta por quatro ou cinco homens?

- Assim parece.

- Mas como? Será necessário que cada um desempenhe a sua função para toda a comunidade, que o agricultor, por exemplo, garanta sozinho a alimentação de quatro, gaste a fazer provisões de trigo quatro vezes mais tempo e trabalho e devida com os outros, ou então, ocupando-se apenas de si mesmo, deve produzir a quarta parte dessa alimentação na quarta parte do tempo, destinando as outras três quartas partes a procurar habitação, roupas e calçado, tratando ele mesmo das suas coisas, sem se importar com a comunidade?

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 56

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265