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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 85
Que haja três espécies com as quais se entrançam todas as cadências, como há quatro espécies de tons de onde se tiram todas as harmonias, posso afirmá-lo, visto que o estudei; mas quais são os que imitem tal género de vida não sei.

- Sobre esse ponto - disse eu - consultaremos Dámon e perguntar-lhe-emos quais são as cadências que convêm à baixeza, à insolência, à loucura e aos outros vícios, e que ritmos se devem deixar para os seus contrários. Creio tê-lo vagamente ouvido pronunciar os nomes de enopliano composto, dáctilo, heróico, mas não sei que arranjo deva a este último ritmo, em que igualava os tempos fracos e os tempos fortes e que terminava com uma breve ou uma longa. Também chamava, creio eu, a um pé iambo, a outro troqueu e marcava-os com longas e breves. E, em alguns desses metros, censurava ou louvava, se bem me lembro, o movimento da cadência, não menos que os próprios ritmos - ou algo que participava dos dois -, porquanto não o sei ao certo; mas, como dizia, ponhamos estas questões a Dámon: discuti-las exigiria muito tempo, não é verdade?

- Assim é, por Zeus!

- Mas aqui está um ponto que podes suprimir: é a graça e a falta de graça que dependem da euritmia e da arritmia.

- Sem dúvida.

- Mas o bom e o mau ritmo seguem e imitam, um, o bom estilo, o outro, o mau, e para a boa e má harmonia é a mesma coisa, quando o ritmo e a harmonia se harmonizam com as palavras, como dizíamos há pouco, e não as palavras com o ritmo e a harmonia.

- Com certeza - disse ele - que devem harmonizar-se com as palavras.

- Mas a maneira de dizer e o próprio discurso não dependem do carácter da alma?

- Como não?

- E tudo o resto não depende do discurso?

- Depende.

- Assim, o bom discurso, a boa harmonia, a graça e a euritmia dependem da simplicidade do carácter, não dessa tolice a que chamamos amavelmente simplicidade, mas da simplicidade autêntica de um espírito que alie a bondade à beleza.

- Perfeitamente.

- Ora, não devem os nossos jovens procurar em tudo essas qualidades, se quiserem realizar a tarefa que lhes é própria?

- Devem procurá-las.

- Mas a pintura está cheia delas, assim como todas as artes da mesma natureza: está cheia delas a indústria do tecelão, do bordador, do arquitecto, do fabricante dos outros objectos, e até a natureza dos corpos e das plantas; em tudo isto, com efeito, há graça ou fealdade.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265