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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 99

- Vou fazê-lo - embora não saiba que audácia e que expressão usarei para isso - e começarei por tentar persuadir os chefes e os soldados, em seguida os outros cidadãos, de tudo o que lhes ensinámos, educando-os e instruindo-os, tudo aquilo de que julgamos ter o conhecimento e a experiência, não passava, por assim dizer, de sonho; que, na realidade, eram então formados e criados no seio da terra, eles, as suas armas e tudo o que lhes pertence; que, depois de os ter formado inteiramente, a terra, a sua mãe, os deu à luz; que, por isso, devem considerar a região que habitam" como a sua mãe e ama, defendê-la contra quem a atacar e tratar os outros cidadãos como irmãos, filhos da terra como eles.

- Não era sem motivo que sentias vergonha de dizer tal mentira!

- Sim - confessei. - Tinha muitos bons motivos; mas ouve o resto da fábula: «Na cidade sois todos irmãos, dir-lhe-emos, prosseguindo nesta ficção; mas o deus que vos formou misturou ouro na composição daqueles de entre vós que são capazes de comandar: por isso são os mais preciosos. Misturou prata na composição dos auxiliares; ferro e bronze na dos lavradores e dos outros artesãos. Regra geral, procriareis filhos semelhantes a vós; mas, visto que sois todos parentes, pode suceder que do ouro nasça um rebento de prata, da prata um rebento de ouro e que as mesmas transmutações se produzam entre os outros metais. Por isso, acima de tudo e sobretudo, o deus ordena aos magistrados que zelem atentamente pelas crianças, que atentem no metal que se encontra misturado à sua alma e, se nos seus próprios filhos houver mistura de bronze ou ferro, que sejam impiedosos para com eles e lhes reservem o género de honra devida à sua natureza, relegando-os para a classe dos artesãos e lavradores; mas, se destes últimos nascer uma criança cuja alma contenha ouro ou prata, o deus quer que seja honrada, elevando-a à categoria de guarda ou à de auxiliar, porque um oráculo afirma que a cidade perecerá quando for guardada pelo ferro ou o bronze.» Conheces algum meio de fazer acreditar nesta fábula?

- Nenhum - respondeu -, pelo menos para os homens de que falas; mas poder-se-á fazê-la acreditar aos seus filhos, aos seus descendentes e às gerações seguintes.

- E isso servirá para lhes inspirar mais dedicação pela cidade e os seus concidadãos, dado que julgo compreender o que queres dizer.

- Portanto, a nossa invenção seguirá o caminho que a fama lhe indicar. Quanto a nós, armemos estes filhos da terra e façamo-los avançar sob o comando dos seus chefes.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 99

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265