O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 43 / 102

Assim que chegou a casa, Utterson sentou-se à secretária a escrever a Jekyll, queixando-se do facto de não ser recebido e perguntando-lhe a causa daquela triste ruptura com Lanyon; no dia seguinte, recebeu uma extensa resposta, redigida com palavras frequentemente patéticas e, por vezes, num tom obscuro e misterioso. A querela com Lanyon era insanável.

«Não censuro o nosso velho amigo», escreveu Jekyll, «mas partilho com ele a opinião de que não devemos voltar a encontrar-nos. Pretendo, daqui em diante, levar uma vida de extrema reclusão. Não deves ficar surpreendido nem duvidar da minha amizade, se a minha porta estiver fechada, mesmo para ti. Deves resignar-te a deixar-me seguir sozinho o meu obscuro destino. Infligi a mim próprio uma punição e um perigo que não posso revelar. Se sou o maior dos pecadores, sou igualmente o maior dos desafortunados. Não podia imaginar que esta terra contivesse um lugar de sofrimento e terror tão indizíveis; e só podes fazer uma coisa, Utterson, para atenuar este destino: respeitar o meu silêncio.»

Utterson estava assombrado; a tenebrosa influência de Hyde fora afastada, o médico retomara as suas antigas tarefas e reavivara as suas amizades; uma semana antes, as perspectivas eram sorridentes e prometiam uma época feliz e honrada; e, de um momento para o outro, a amizade, a paz de espírito e todo o teor da sua vida se encontravam destroçados. Uma mudança tão grande e inesperada apontava para a loucura; mas, em virtude do comportamento e das palavras de Lanyon, deveria existir um motivo mais grave.

Uma semana depois, o Dr. Lanyon acamou e, em menos de duas semanas, faleceu.





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