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Capítulo 6: TUMAI DOS ELEFANTES

Página 118

- Caspité! - disse Tumai Pequeno. - Tu és um grande elefante - e abanou a cabeça lanzuda, citando o pai. - O Governo pagará os elefantes, mas é a nós, cornacas, que eles pertencem. Quando fores velho, Cala Nague, virá um rajá rico que te comprará ao Governo por causa do teu tamanho e da tua habilidade, e então não terás mais que fazer senão andar de arcadas de ouro nas orelhas, um palanque de ouro no dorso e um xairel vermelho coberto de ouro nos flancos, caminhando à testa do cortejo real. Então eu irei sentado no teu pescoço, ó Cala Nague, empunhando um ancus de prata, e correndo adiante de nós irão homens bradando: «Dai lugar ao elefante do rei!» Que bom, Cala Nague, mas não tanto como o caçar na Selva.

- Hum! - disse Tumai Grande. - És um fedelho, e tão estouvado como um bezerro de búfalo. Estas andanças pelo monte não são o que há de melhor no serviço do Governo, estou a envelhecer e não gosto de elefantes selvagens. Dêem-me currais de tijolo para os elefantes, com uma baia para cada um, grandes cepos para os prender com segurança e estradas lisas e largas para os exercitar, em lugar deste campismo de vaivém. Ai! Ai! Que boas as casernas de Compore, com um mercado à beirá e só três horas de trabalho por dia!

Tumai Pequeno lembrava-se das instalações dos elefantes em Compore e calou-se. Preferia certamente a vida do campo e aborrecia aquelas estradas lisas e planas, com a apanha diária de feno na reserva de forragens e as longas horas em que nada havia a fazer senão vigiar Cala Nague impaciente, preso às estacas.

Do que Tumai Pequeno gostava era de trepar por veredas estreitas, próprias só de elefantes; o mergulho para o vale lá no fundo; o avistar os elefantes selvagens a pastar a milhas de distância; a fuga do javali e do pavão assustados sob as patas de Cala Nague; os aguaceiros quentes que cegavam, quando todas as colinas e vales expeliam fumo; as lindas manhãs enevoadas, quando se não sabia onde acampar essa noite; a perseguição cautelosa e constante dos elefantes bravos, e a arremetida furiosa, os fogachos e a algazarra da última noite, quando os elefantes se precipitavam para dentro do fojo como penedos num alude de terra, e, vendo que não podiam sair, se atiravam contra os pesados tapumes, só para serem repelidos por gritos, archotes inflamados e descargas de pólvora seca.

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Capa do livro O Livro da Selva
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Os capítulos deste livro:
OS IRMÃOS DE MÁUGLI 1
A CAÇADA DE CÁ 24
TIGRE! TIGRE! 53
A FOCA BRANCA 74
RÍQUI -TÍQUI -TÁVI 97
TUMAI DOS ELEFANTES 115
SERVIDORES DE SUA MAJESTADE 138