O Livro da Selva - Cap. 6: TUMAI DOS ELEFANTES Pág. 120 / 158

Pouco sabia de brancos, mas Petersen Sàibe era para ele o maior branco do mundo. Era o chefe de todas as operações da quedá - aquele que apanhava todos os elefantes para o Governo da Índia e que sabia mais dos costumes dos elefantes do que qualquer outro homem vivo.

- E que... vai suceder? - disse Tumai Pequeno.

- Suceder! O pior que pode acontecer. Petersen Sàibe é doido. Senão, porque havia ele de andar à caça destes diabos selvagens? Pode até obrigar-te a ser caçador de elefantes, a dormir onde calhar nestas selvas de febre e a morrer, por fim, esborrachado na quedá. Ainda bem que esta tolice acaba sem novidade. Na semana que vem termina a caçada, e nós, os da planície, seremos devolvidos às nossas moradas. Caminharemos então em estradas lisas e esqueceremos todas estas caçadas. Mas, filho, estou zangado por te meteres na tarefa que compete a estes imundos assameses da Selva. Cala Nague não obedece a ninguém senão a mim, por isso tenho de o acompanhar à quedá, mas ele é apenas elefante de combate e não ajuda a amarrá-los. Por isso deixo-me estar comodamente sentado, como convém a um cornaca, e não a um reles caçador, um cornaca, repito, é um que recebe pensão no fim do serviço. É de admitir que a família de Tumai dos Elefantes seja espezinhada na lama de uma quedá? Maroto! Malvado! Filho inútil! Vai lavar Cala Nague e cuida-lhe das orelhas, vê, que não tenha espinhos nas patas, senão Petersen Sàibe apanha-te decerto e faz de ti caçador selvagem, pisteiro de elefantes, urso da selva. Bah! Que vergonha! Vai!

Tumai Pequeno abalou sem dizer palavra, mas contou todos os seus desgostos a Cala Nague enquanto lhe examinava as patas.

- Não importa - disse Tumai Pequeno, erguendo a orla da enorme orelha direita de Cala Nague.





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