O Livro da Selva - Cap. 6: TUMAI DOS ELEFANTES Pág. 129 / 158

Mais fortes que o ruído da água, que redemoinhava em volta das pernas do elefante, Tumai Pequeno ouviu mais chapes e alguns roncos, tanto a montante como a jusante - grandes grunhidos e urros furiosos, e toda a névoa envolvente parecia cheia de sombras movediças e confusas.

- Ai! - disse a meia voz, batendo os dentes. - A nação elefantina anda saída esta noite. É então a dança.

Cala Nague saiu da água com um grande chape, desimpediu a tromba com uma fungadela e começou outra subida, mas agora não estava só e não precisava de abrir o caminho. Este estava já feito, com cinco pés de largura adiante dele, onde a erva da Selva dobrada tentava recompor-se e endireitar-se. Poucos minutos antes muitos elefantes deviam ter por ali passado. Tumai Pequeno voltou-se a olhar e, atrás dele, um grande colmilhudo bravo, de pequeninos olhos de porco, que brilhavam como brasas, estava precisamente a sair do rio nevoento. As árvores voltaram a fechar-se e eles continuaram a andar e a subir com roncos e estalos, acompanhados pelo ruído de ramos partidos de todos os lados.

Cala Nague parou por fim entre dois troncos de árvores, precisamente no cume da serra. Faziam parte de um círculo de árvores que se erguiam em volta de um espaço irregular de umas três ou quatro jeiras, e, em todo esse espaço, como Tumai Pequeno bem via, o chão fora calcado até ficar duro como se fosse de tijolo. No meio da clareira elevavam-se algumas árvores de casca roçada e a madeira branca, por baixo, aparecia luzidia e polida sob os farrapos do luar. Dos ramos superiores pendiam trepadeiras, e as campânulas das suas flores, umas grandes cabeças brancas de cera semelhantes a convólvulos, curvavam-se para o chão em sono profundo, mas no recinto da clareira não havia uma única folha verde - apenas a terra calcada.





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