(Era a minha vara da tenda partida, e tive muito gosto em sabê-lo.) Vamos continuar a fugir?
- Oh! Foste tu - disse a mula -, tu e os teus amigos que andastes a perturbar o acampamento? Muito bem, de manhã levais tareia por isso, mas eu vou já dar-te alguma coisa por conta.
Ouvi tilintar os arreios quando a mula recuou e assentou dois coices nas costelas do camelo, que ressoaram como um bombo.
- Para a outra vez - disse -, não cairás na asneira de andar a correr de noite pelo meio de uma bateria de mulas bradando «Ladrões e fogo!». Senta-te e está quieto com esse pescoço tonto.
O camelo dobrou-se à maneira da sua gente como uma régua de duplo decímetro e sentou-se no chão, a choramingar. Ouviu-se nas trevas um bater regular de cascos, e um grande cavalo de esquadrão aproximou-se a galope curto, tão regular como se estivesse em parada, saltou o reparo de uma peça e caiu junto à mula.
- É vergonhoso - disse, bufando pelas ventas. - Aqueles camelos romperam-nos de novo as fileiras, a terceira vez nesta semana. Como há-de um cavalo manter-se em boa forma se o não deixam dormir? Quem está aqui?
- Sou a mula da carreta da peça número 2 da Primeira Bateria de Montanha - disse a mula -, e o outro é um desses teus amigos. Também me acordou a mim. Quem és tu?
- Número quinze, Companhia E de Lanceiros 9, cavalo de Ricardo Cunliffe. Chegue-se um pouco para lá.
- Ah! Desculpe - disse a mula. - Está tão escuro que pouco se vê. Estes camelos são do pior que há. Saí da minha fileira para conseguir aqui um pouco de paz e sossego.
- Meus senhores - disse humildemente o camelo -, tivemos sonhos maus esta noite e apanhámos um grande susto. Não passo de camelo de carga do 39 de Infantaria Indígena e não sou tão valente como vós, meus senhores.