O Livro da Selva - Cap. 2: A CAÇADA DE CÁ Pág. 33 / 158

Pára aí e pensa! Traça um plano. Não é oportuno persegui-los. Podem largá-lo se os seguirmos muito de perto.

- Ai dele! Pode ser que o tenham já largado, cansados de o levarem. Quem se pode fiar nos Bândarlougue? Ponham-me morcegos mortos na cabeça! Dêem-me ossos negros a roer! Rebolem-me para os enxames das abelhas silvestres que me matem às ferroadas, e enterrem-me com a hiena, pois sou o mais desgraçado dos ursos! Avrulala! Uauuúa! Uaúal Ó Máugli, Máugli! Porque te não preveni eu contra o povo macaco em vez de te partir a cabeça? Agora talvez lhe tenha tirado da cabeça a lição do dia e ele se encontre só, na Selva, privado das palavras-mestras.

Bálu apertou as mãos à cabeça e balançou-se de um lado para o outro, gemendo.

- Pelo menos há pouco repetiu-me bem todas as palavras disse Bàguirà com impaciência. - Bálu, já não tens memória nem respeito, Que pensaria a Selva se eu, a pantera negra, me enrodilhasse como o porco-espinho Iqui e me pusesse a berrar?

- Que me importa a mim o que a Selva pensa? A esta hora pode ele estar já morto.

- Enquanto o não deixarem cair dos ramos a brincar, ou o matarem por mero desfastio, nada receio pelo cachorro de homem. Ele é prudente e está bem instruído, e acima de tudo tem os olhos que causam medo às gentes da Selva. Mas (e isso é um grande mal) está em poder dos Bândarlougue, e estes, vivendo nas árvores, não têm medo à nossa gente. - Bàguirà lambeu pensativamente uma das mãos.

- Que estúpido que eu sou! Que idiota gordo, pardo, escava-

-raízes que eu sou - disse Bálu, endireitando-se de repelão -, é verdade o que disse o elefante selvagem Hathi: «Cada um tem o seu medo.» E eles, os Bândarlougue, receiam Cá, a jibóia. Trepa como eles, rouba os macaquinhos de noite.





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