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Capítulo 2: A CAÇADA DE CÁ

Página 35
Há pelo menos um de nós que precisa de comer. Tendes notícia de caça que haja? Uma corça ou até um jovem gamo? Estou vazia, como um poço seco.

- À caça andamos - disse Bálu descuidadamente. Sabia que Cá não é para pressas. É grande de mais.

- Dai-me licença para vos acompanhar - disse Cá. - Um golpe a mais ou a menos nada é para ti, Bàguirà, ou para ti, Bálu, mas eu... eu tenho de esperar e tornar a esperar dias seguidos numa vereda da floresta e trepar, metade da noite, na simples esperança de um jovem mono. Fu! Os ramos já não são nada do que eram na minha mocidade. Varas podres e secas, nada mais.

- Pode ser que o teu grande peso tenha que ver com o caso - disse Bálu.

- Tenho um comprimento razoável... comprimento razoável - disse Cá com uma pontinha de orgulho. - Mas, apesar disso, a culpa é destas madeiras novas. Pouco me faltou para cair na última caçada que fiz, foi por um triz, e o ruído do escorregão, pois não tinha apertado a cauda em volta da árvore, despertou os Bândarlougue, que me chamaram nomes feiíssimos.

- Minhoca amarela sem pés - disse Bàguirà entre dentes, como se procurasse lembrar-se de algum.

- Sssss! Foi isso que me chamaram? - disse Cá.

- Foi qualquer coisa assim que nos berraram na lua passada, mas nunca lhes damos atenção. São capazes de dizer tudo, mesmo que já te caíram os dentes todos e que te não atreves a enfrentar coisa maior que um cabrito porque (não têm de facto vergonha nenhuma, estes Bândarlougue), porque têm medo dos chifres da cabra - continuou Bàguirà inocentemente.

Ora uma serpente, especialmente um velho pitão sabido como Cá, raríssimas vezes mostra que está irada, mas Bálu e Bàguirà bem viram os grandes músculos dos dois lados do pescoço de Cá a tremerem e ingurgitarem-se como se estivesse a engolir.

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Capa do livro O Livro da Selva
Páginas: 158
Página atual: 35

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
OS IRMÃOS DE MÁUGLI 1
A CAÇADA DE CÁ 24
TIGRE! TIGRE! 53
A FOCA BRANCA 74
RÍQUI -TÍQUI -TÁVI 97
TUMAI DOS ELEFANTES 115
SERVIDORES DE SUA MAJESTADE 138