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Capítulo 2: A CAÇADA DE CÁ

Página 41
Máugli apanhou algumas trepadeiras e começou a passá-las e a repassá-las de um lado para o outro, e os macacos tentaram imitá-lo; mas em poucos minutos perderam o interesse e começaram a puxar pelo rabo aos amigos ou a saltar e cair com as quatro patas, tossindo.

- Quero comer - disse Máugli. - Não conheço esta parte da Selva. Trazei-me de comer ou dai-me licença para caçar aqui.

Vinte ou trinta macacos partiram aos pulos a buscar avelãs e mamões bravos, mas no caminho envolveram-se em desordem e era muito aborrecido voltar com o que restava dos frutos. Máugli estava magoado e fulo, porque tinha fome, e vagueou pela cidade vazia soltando de vez em quando o grito de caça dos forasteiros, mas ninguém lhe respondia, pelo que se convenceu de ter vindo parar a um sítio na verdade muito mau. «Tudo quanto Bálu disse a respeito dos Bândarlougue é verdade», pensou para consigo. «Não têm Lei, nem Grito de Caça, nem dirigentes - não têm senão palavreado oco e mãozinhas ratoneiras. Se eu morrer aqui à fome, ou for morto, só eu tenho a culpa. Mas preciso de procurar voltar para a minha Selva. Bálu com certeza vai tosar-me, mas será melhor do que andar à caça de inúteis pétalas de rosa com os Bândarlougue.»

Mal tinha chegado à muralha da cidade quando os macacos o puxaram para trás, dizendo-lhe que ele não conhecia a sua grande felicidade, e beliscavam-no para o tornar grato. Ele cerrou os dentes e nada disse, mas acompanhou os ruidosos macacos a um terraço por cima dos depósitos de arenito vermelho, que estavam meio cheios de água das chuvas. No centro do terraço havia um pavilhão de veraneio em ruínas, construído para rainhas mortas havia cem anos. O telhado em abóbada abatera e obstruíra o corredor subterrâneo vindo do palácio, pelo qual as rainhas costumavam entrar; mas as paredes eram de rendilhados de mármore -lindíssima talha da brancura do leite com incrustações de ágata, coralina, jaspe e lápis-Iazúli, e, quando a Lua surgia atrás da colina, brilhava através dos rendilhados, projectando no chão sombras semelhantes a rendas de veludo preto.

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Capa do livro O Livro da Selva
Páginas: 158
Página atual: 41

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
OS IRMÃOS DE MÁUGLI 1
A CAÇADA DE CÁ 24
TIGRE! TIGRE! 53
A FOCA BRANCA 74
RÍQUI -TÍQUI -TÁVI 97
TUMAI DOS ELEFANTES 115
SERVIDORES DE SUA MAJESTADE 138