Dia após dia, Máugli conduzia os búfalos para os chafurdais, e diariamente via o lombo do Irmão Cinzento a milha e meia de distância, para lá da planície (sabia que Xer Cane não regressara), e dia após dia passava o tempo deitado na erva, escutando os ruídos à sua volta, a sonhar com os velhos tempos da Selva. Se Xer Cane tivesse tropeçado nas selvas do Ueinganga, Máugli tê-lo-ia ouvido naquelas longas manhãs calmas.
Chegou finalmente um dia em que não avistou o Irmão Cinzento no sítio marcado, e, rindo-se, tocou os búfalos para o barranco junto à daque, que estava coberta de flores de vermelho-ouro. Lá se achava o Irmão Cinzento com todas as cerdas do dorso eriçadas.
- Andou escondido durante um mês, para te desprevenir.
Atravessou as serras ontem à noite com Tábàqui e seguiu-te a toda a pressa no encalço - disse o lobo ofegante.
Máugli franziu a testa.
- De Xer Cane não tenho medo, mas Tábàqui é muito sabido.
- Nada receies - disse o Irmão Cinzento, lambendo um pouco os beiços -, encontrei Tábàqui ao romper da aurora. Agora está a comunicar toda a sua sabedoria aos milhafres, mas disse-me tudo a mim antes de lhe quebrar a espinha.