O Livro da Selva - Cap. 3: TIGRE! TIGRE! Pág. 65 / 158

Ladrão de gado, são horas de vires à Rocha do Conselho! Descer... fá-los descer depressa, Àquêlà. Desce, Rama, desce!

A manada deteve-se um instante na borda da vertente, mas Àquêlà soltou o latido pleno de caça e todos se despenharam: um após outro, precisamente como vapores a atravessar os rápidos, com a areia e pedras a saltar à volta deles. Uma vez lançados, n.ao havia coisa que os detivesse, e, antes de chegarem bem ao leito da quebrada, Rama farejou Xer Cane e urrou.

- Ah! Ah! - disse Máugli, que o montava. - Agora já sabes!

E a torrente de chifres negros, focinhos espumantes e olhos escancarados desceu a quebrada em rodopio, como penedos rolados em tempo de cheia, os búfalos mais fracos eram arredados para os lados e rompiam através das trepadeiras. Sabiam qual a tarefa que tinham a realizar - a carga terrível da manada de búfalos a que não há tigre que espere resistir. Xer Cane ouviu-lhes o fragor do tropel, ergueu-se a custo e desceu tropegamente a quebrada, olhando de um lado para o outro em busca de uma saída; mas as paredes da quebrada eram a pique e ele teve de continuar a correr, pesado com o que tinha comido e bebido, e pronto a fazer fosse o que fosse, de preferência a bater-se. A manada atravessou, chapinhando, o charco que ele acabava de deixar, e continuou bramindo até que o estreito corredor ribombava. Máugli ouviu um mugido de resposta vindo do fundo do barranco, viu Xer Cane voltar-se (o tigre sabia que, na pior das hipóteses, era preferível enfrentar os touros a enfrentar as vacas com as crias), e Rama tropeçou então, vacilou, continuou sobre coisa macia e, com os touros atrás, foi esbarrar em cheio na outra manada, enquanto os búfalos mais fracos foram levantados do chão pela força do embate.





Os capítulos deste livro