Ouça a Selva as coisas que fiz.
Xer Cane disse que havia de matar - matar! Às portas da alvorada mataria Máugli, a Rã!
Comeu e bebeu. Bebe a fartar, Xer Cane, pois quando voltarás a beber? Dorme e sonha com a vítima.
Eu ando só nas pastagens. Vem cá, Irmão Cinzento!
Vem cá, Lobo Solitário, pois vai haver grande caçada. Toca-me os grandes búfalos machos, os touros azulados da manada de olhos raivosos. Tange-os de um lado para o outro, às minhas ordens.
Ainda dormes, Xer Cane? Desperta, vá, desperta! Aqui venho eu e atrás de mim os touros.
Rama, rei dos Búfalos, deu uma patada. Ó Águas do Ueinganga, para onde foi Xer Cane?
Não é Iqui para abrir furos, nem Mao, o Pavão, para voar. Não é Mangue, o Morcego, para se pendurar nos ramos.
Oscaniços a estalarem dizem-me para onde fugiu.
Aú! Está acolá. Aú! Está acolá. Debaixo das patas de Rama jaz o coxo!
Levanta-te, Xer Cane! Levanta-te e mata. Aqui há carne, parte o cachaço aos touros!
Pst! Está a dormir. Não o acordemos, pois a sua força é muito grande. Os milhafres desceram para o ver. As formigas pretas saíram da terra para o ver. Há uma grande assembleia em sua honra.
Alala! Não tenho pano para me cingir. Os milhafres vão ver que estou nu. Envergonho-me de me encontrar com tanta gente.
Empresta-me a tua pele, Xer Cane. Empresta-me a tua pele de riscas vivas para eu poder ir à Rocha do Conselho.
Pelo touro que me comprou, fiz urna promessa - uma pequena promessa. Só me falta a tua pele para cumprir a minha palavra.
Com a faca - com a faca dos homens -, com a faca do caçador, do homem, vou curvar-me para receber a minha dádiva.
Águas do Ueinganga, sede testemunhas de que Xer Cane me dá a sua pele pelo amor que me tem. Puxa, Irmão Cinzento! Puxa, Àquêlà! Que a pele de Xer Cane é pesada.