Tenciono ficar a residir aqui o mais possível durante algum tempo.
- Sem segurança? Que quer dizer?
- Ah, aí está aquilo que não devo explicar! Mas siga o meu conselho e deixe o seu apartamento. Tivemos os dois uma grande zaragata hoje. Deve ter-nos ouvido, pois ia a descer a escada.
- Vi que estavam a discutir.
- É um tipo abominável, Smith! É esta a única palavra
que condiz com ele. Tinha dúvidas a seu respeito desde a noite em que desmaiou. Recorda-se: aquela noite em que fui procurá-lo a si. Hoje interroguei-o insistentemente e ele disse-me coisas que me fizeram eriçar os cabelos na cabeça; queria que me associasse a ele. Não sou pedante, mas sou filho de clérigo, como sabe, e acredito que há certos actos que nunca devemos
cometer. Dou graças a Deus por ter esclarecido tudo antes de ser demasiado tarde, porque ele devia casar na minha família. - Tudo isso é muito bonito, Lee - disse Abercrombie Smith, não sem rudeza. - Mas ou me está a contar muitas coisas a mais ou multas coisas a menos.
- Dou-lhe uma advertência.
- Se existe um verdadeiro motivo para essa advertência, nenhuma promessa pode manietá-lo. Se eu vir um bandido que se apresta a fazer ir pelos ares uma casa com dinamite, nada me impedirá de recorrer a tudo para que ele falhe.
- Ah, mas eu não posso fazer nada para que ele falhe!
Apenas posso adverti-lo a si.
- Sem me dizer contra o quê me põe de sobreaviso?
- Contra Bellingham.
- Mas é pueril! Por que o recearia a ele ou a outro qualquer?
- Não posso dizer-lhe. Só posso rogar-lhe que se mude. Onde mora encontra-se em perigo. Nem sequer digo que Bellingham deseje incomodá-lo. Mas poderia suceder-lhe uma desgraça, porque ele é agora um vizinho perigoso.
- Talvez eu saiba mais do que aquilo que pensa - disse Smith ao mesmo tempo que observava o rosto infantil mas sério do jovem.
