Sentia que ele próprio diria o mesmo se as posições fossem invertidas. E, não obstante, podia jurar que Bellingham era no fundo um assassino e que dispunha de uma arma de que ninguém se servira alguma vez nos anais do crime.
Hastie tinha-o deixado para ir para o quarto, não sem arrasar com comentários severos e enfáticos a falta de sociabilidade do amigo. Abercrombie Smith atravessou o pátio e quando se encaminhava para a torrinha foi invadido por um violento sentimento de repulsa pelos seus apartamentos e pelos seus inquilinos. Seguiria o conselho de Lee e mudar-se-ia o mais depressa possível, porque como poderia trabalhar se estivesse sempre de
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ARTHUR CONAN DOYLE
CONTOS DE MISTÉRIO
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ouvido à escuta para captar o mínimo murmúrio ou o mais leve ruído de passos no quarto do andar inferior? Notou que a janela de Bellingham ainda continuava iluminada; quando passou em frente da sua porta, esta abriu-se e Bellingham em pessoa avançou para ele. Com a sua cara gorda e maldosa tinha o ar de uma aranha intumescida a sair da sua teia mortal.
- Boa noite - disse ele. - Quer entrar?
- Não! - exclamou Smith num tom feroz.
- Não? Continua, por conseguinte, muito ocupado?
Queria saber notícias de Lee. Fiquei desolado quando soube que lhe tinha acontecido um acidente.
Mostrava um rosto grave mas, enquanto falava, os olhos brilharam com uma satisfação mal dissimulada. Smith reparou e esteve quase a atirar-se a ele.
- Ficará ainda mais desolado quando souber que Monkhouse Lee se encontra muito bem e que está completamente fora de perigo - respondeu. - Os seus truques do inferno não resultaram desta vez. Oh, é inútil tentar fingir! Eu sei tudo.
Bellingham recuou um passo em frente do estudante encolerizado e semicerrou a porta como para se proteger.
