Abrahams tinha honrado com as suas atenções.
Mas o próprio vidente onde estava?
Que significava aquela janela aberta, da qual pendia uma corda?
E onde, afinal, se metera aquela gloriosa baixela de prata de que Goresthorpe tinha tanto orgulho e que devia manter o mesmo agradável sentimento nas gerações de d'Odd?
E por que Mrs. d'Odd permanecia de pé diante da claridade cinzenta do dia, a torcer as mãos e a repetir o seu monótono estribilho?
Foi somente de um modo gradual e ao cabo de um tempo muitíssimo longo que o meu cérebro carregado de nevoeiro reuniu estas coisas e lhes captou as relações.
Leitor, desde esta época nunca mais voltei a ver Mr. Abrahams.
Também nunca mais voltei a ver a baixela de prata marcada com o brasão da família ressuscitada.
E o que há de bem seguro é que nunca mais vi nada do espectro melancólico com vestes a arrastar pelo chão e não conto tornar a vê-lo um dia.
Em suma, o que me sucedeu durante esta noite curou-me da mania pelo sobrenatural e reconciliou-me inteiramente com a ideia de habitar o banal edifício do século XIX nos arredores de Londres, sobre o qual Mrs. d'Odd tinha há muito lançado mentalmente os olhos.
Quanto à explicação do que se passara é uma coisa que pode dar lugar a várias hipóteses.
Mr. Abrahams, o caçador de fantasmas, era Jemmy Wilson, aliás o arrombador de Nottingham.
De facto os sinais de identificação deste notável bandido concordavam em absoluto com o exterior do meu visitante.
A maleta que descrevi foi recolhida no dia seguinte num campo próximo e encontraram-na provida de um sortido de pés-de-cabra e de chaves falsas de primeira qualidade.
Sinais de passos fortemente marcados na terra dos dois lados do fosso indicaram a presença de um cúmplice que recebera o saco com os metais preciosos descido por intermédio de uma corda através da janela aberta.