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Capítulo 4: O GATO DO BRASIL

Página 104
Um intervalo de cerca de meio metro separava-o do tecto. Admitindo que eu conseguisse trepar para ali e manter-me agachado entre os varões e o tecto, apenas ficaria com um lado vulnerável. Estaria em segurança por baixo, por trás, à direita e à esquerda. Só podia ser atacado pela frente. Deste lado, sem dúvida, não dispunha de nenhuma protecção; mas, pelo menos, o animal, quando começasse a andar de um lado para o outro, não me encontraria no seu caminho e deveria sair dele para alcançar-me. Tinha que decidir-me imediatamente; uma vez extinta a chama da lanterna, seria demasiado tarde. Respirei a plenos pulmões, saltei, agarrei-me ao rebordo da grade superior e fiquei aí a balouçar. O coração batia-me com violência. Por fim, insinuei-me a rastejar por cima da jaula, de onde me achei como se mergulhasse nos terríveis olhos e nos maxilares abertos da fera; o seu hálito fétido subia-me à cara como um vapor envenenado.

Ela parecia, aliás, mais curiosa do que furiosa. Endireitou-se, fazendo ondular a sua longa espinha de ébano liso, espreguiçou-se, depois, erguida nas patas traseiras, apoiando na parede uma pata dianteira, levantou a outra, cujas garras brancas passeou ao longo das malhas de arame debaixo de mim. Uma das garras rasgou-me as calças - devo dizer que estava ainda de casaca - e abriu um sulco no joelho. Aquela era, da parte do gato, não uma manobra ofensiva, mas antes uma experiência; porque, ao escapar-me um grito de dor, ele deixou-se cair nas quatro patas, e saltou para a sala, à volta da qual se pôs a descrever círculos rápidos, olhando de vez em quando na minha direcção. Virei-me de viés, até tocar com as costas na parede, de molde a ocupar o mínimo espaço possível. Quanto mais recuava, mais me furtava aos ataques.

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pág. 104 (Capítulo 4)

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 104

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127