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Capítulo 5: O FUNIL DE CABEDAL

Página 115
- Gastei bem a quarta parte de um milhão para adquirir tudo o que o rodeia. Livros, armas, pedras preciosas, esculturas, tapeçarias, quadros... Cada objecto tem a sua história própria e, geralmente, urna história interessante.

Estava sentado num dos lados da chaminé e eu no outro. A mesa que lhe servia de secretária ficava à sua direita; suportava um candeeiro pesado que desenhava um círculo de luz dourada. Um pergaminho meio desenrolado ocupava o centro, cercado de diversas coisas dignas de um ferro-velho. Entre outras, um funil, corno os que se utilizam para encher os barris de vinho. Aparentava ser de madeira preta e estava cingido por um aro de cobre descolorido.

- Aqui está um objecto curioso - disse-lhe eu. Qual é a sua história?

- Ah! É exactamente a pergunta que fiz a mim mesmo muitas vezes. Pegue-lhe e examine-o...

Fiz como ele dizia e apercebi-me de que o funil não era de madeira mas de cabedal, que o tempo ressequira num grau extremo. Era de bom tamanho; uma vez cheio, devia conter um litro de líquido. O aro de cobre cercava a parte mais larga, mas o fundo do gargalo achava-se igualmente provido de um ornato metálico.

- Que lhe parece? - perguntou-me Dacre.

- Suponho que pertenceu a um negociante de vinhos ou de maltes da Idade-Média. Vi em Inglaterra grandes garrafas bojudas de cabedal que datavam do século XVII: chamavam-lhes black-jacks; possuíam a mesma cor e a mesma robustez deste funil.

- Penso que remonta aproximadamente à mesma época - respondeu-me o seu proprietário - e que servia, sem dúvida, para encher um recipiente. Mas salvo erro da minha parte, era um negociante muito especial que se servia dele para encher um tonel não menos especial. Não nota nada de anormal no fundo do gargalo?

Olhei-o à luz do candeeiro e verifiquei então que num lugar situado a uma dezena de centímetros acima do estreito anel de cobre o gargalo do funil estava arranhado, estriado, como se alguém o tivesse entalhado com uma faca embotada.

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pág. 115 (Capítulo 5)

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 115

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127