Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: O QUARTO DO PESADELO

Página 129
O instinto é mais profundo do que a razão.

Na tarde a que nos referimos ocorrera algo que a transtornara profundamente. Tinha na mão uma carta e lia-a e relia-a com uma concentração das finas sobrancelhas e um austero apertar dos lábios deliciosos. De repente, teve um sobressalto e uma sombra de medo suavizou a felina ameaça das suas feições. Endireitou-se, apoiando-se no braço, e cravou com ansiedade o olhar na porta. Escutou atentamente como se à espera de alguma coisa que lhe causava espanto. Um sorriso de alívio brincou-lhe por um momento no rosto expressivo. Escondeu, de imediato, a carta no decote, com um olhar de horror. Mal completara este gesto quando a porta foi aberta e entrou, com passos rápidos, um homem jovem no quarto. Era Archie Mason, o esposo, o homem por quem tinha sacrificado a sua celebridade europeia; o homem que considerava agora o único obstáculo à sua nova e maravilhosa aventura.

O norte-americano era um homem com cerca de trinta anos, completamente barbeado, de membros atléticos, vestido elegantemente com um fato de corte justo, que lhe marcava a linha perfeita do corpo. Ficou junto da porta, de braços cruzados, encarando com fixidez a mulher; o seu rosto poderia ser qualificado de máscara formosa e curtida pelo sol, não fossem aqueles olhos cortantes. Ela mantivera-se recostada no cotovelo, mas não afastava os olhos dos de Mason. Algo de espantoso se ocultava naquela silenciosa troca de olhares. Ambos se interrogavam mutuamente e ambos faziam pensar que a resposta à sua interrogação era assunto de vida ou de morte. A pergunta do marido podia interpretar-se como "O que foi que fizeste?". Por seu lado, ela parecia perguntar "O que é que tu sabes?". Por fim, Mason adiantou-se, sentou-se na pele de urso, ao lado de Lucille e, agarrando com toda a delicadeza o lóbulo fino de uma orelha, voltou para si a cara da mulher e perguntou:

- Lucille, é verdade que me andas a envenenar?

Ela deu um safanão para evitar o contacto; no rosto pinteu-se-lhe o horror e os protestos acudiram-lhe aos lábios.

<< Página Anterior

pág. 129 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 129

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127