.. Mas estou a ouvir o gongo do pequeno-almoço; ela deve estar impaciente de saber como se passou a sua noite. Ficamos-lhe muito gratos pela sua generosidade, porque o facto de partilhar a nossa desgraça com um amigo, mesmo que seja só por uma noite, alivia-nos um pouco e tranquiliza-nos acerca do nosso equilíbrio mental de que, por vezes, temos tendência para suspeitar.
Foi este o curioso relato que me confiou sir Dominick; sem dúvida teria sido qualificado por muitos como uma inverosimilhança grotesca; mas eu, enriquecido pela experiência da noite precedente e familiarizado de longa data com tais assuntos, estava pronto a aceitá-lo como um facto real. Fiz apelo a todos os meus estudos e a todas as minhas recordações pessoais, e depois do pequeno-almoço surpreendi os meus anfitriões quando lhes anunciei que regressava a Londres no primeiro comboio.
- Meu caro doutor - exclamou sir Dominick consternado -, isso é dar-me a compreender que falhei gravemente nas leis da hospitalidade quando o meti neste penoso caso. Deveria ter suportado o meu fardo sozinho!
- É, pelo contrário, o seu caso que me leva a Londres - respondi. - Mas está enganado se julga que a minha aventura desta noite me foi desagradável. Aliás, peço-lhe autorização para voltar e passar outra noite no seu laboratório. Desejo vivamente rever o seu visitante.
O meu tio queria saber ao certo o que eu tencionava fazer, mas com o receio de dar-lhe falsas esperanças não quis dizer nada. Estava de regresso, depois do almoço, ao meu consultório onde refresquei a memória relendo certo trecho de um livro recente sobre o ocultismo.
"No caso de espíritos ligados à terra", dizia o meu autor, "uma única ideia obcecante na hora da morte basta para mantê-los no nosso mundo material.