Posso! Mas não, devo... de outro modo o que será de mim?
Tratemos de encontrar a saída lógica.
Esta mulher, conforme as suas próprias explicações, pode dominar o meu organismo nervoso. Pode projectar-se a si mesma no meu corpo e assumir o seu comando.
Possui uma alma de parasita, sim, uma alma de parasita, de monstruoso parasita.
Introduz-se na minha ossatura como o bernardo-eremita na concha do bulime.
Estou inerte.
Que posso fazer?
Tenho de bater-me com forças das quais tudo ignoro. E não posso contar a ninguém o meu sofrimento. Considerar-me-iam um louco perdido. Se a coisa viesse a saber-se em público, certamente a Universidade diria que não precisa de um professor possesso do demónio.
E Agathe!
Não, não, devo afrontar o perigo frente a frente. Releio as minhas notas acerca das afirmações desta mulher quando falava do seu poder.
Um ponto há que me desorienta por completo.
Ela concluiu que quando a influência é leve, o paciente sabe o que faz, mas não pode autodirigir-se, ao passo que, quando a vontade se exerce energicamente, ele fica inconsciente de todo.
Ora, sempre soube o que fazia, um pouco menos, contudo, no último serão do que nas sessões anteriores.
Isto parece significar que ainda não lançou sobre mim toda a extensão do seu poder.
Existiu alguma vez um homem colocado na mesma situação que eu?
Sim, talvez tenha existido um, e até se encontrava muito perto de mim.
Charles Sadler deve saber algo sobre isto.
Os seus conselhos vagos para me manter de sobreaviso precisam-se hoje.
Oh!, se eu o tivesse então ao menos escutado, antes de contribuir com estas sessões repetidas para forjar os anéis da corrente que me liga.
Mas irei falar-lhe hoje.
Pedirei desculpa por ter acolhido com tanta ligeireza as suas advertências.