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Capítulo 3: O PARASITA

Página 59

Posso! Mas não, devo... de outro modo o que será de mim?

Tratemos de encontrar a saída lógica.

Esta mulher, conforme as suas próprias explicações, pode dominar o meu organismo nervoso. Pode projectar-se a si mesma no meu corpo e assumir o seu comando.

Possui uma alma de parasita, sim, uma alma de parasita, de monstruoso parasita.

Introduz-se na minha ossatura como o bernardo-eremita na concha do bulime.

Estou inerte.

Que posso fazer?

Tenho de bater-me com forças das quais tudo ignoro. E não posso contar a ninguém o meu sofrimento. Considerar-me-iam um louco perdido. Se a coisa viesse a saber-se em público, certamente a Universidade diria que não precisa de um professor possesso do demónio.

E Agathe!

Não, não, devo afrontar o perigo frente a frente. Releio as minhas notas acerca das afirmações desta mulher quando falava do seu poder.

Um ponto há que me desorienta por completo.

Ela concluiu que quando a influência é leve, o paciente sabe o que faz, mas não pode autodirigir-se, ao passo que, quando a vontade se exerce energicamente, ele fica inconsciente de todo.

Ora, sempre soube o que fazia, um pouco menos, contudo, no último serão do que nas sessões anteriores.

Isto parece significar que ainda não lançou sobre mim toda a extensão do seu poder.

Existiu alguma vez um homem colocado na mesma situação que eu?

Sim, talvez tenha existido um, e até se encontrava muito perto de mim.

Charles Sadler deve saber algo sobre isto.

Os seus conselhos vagos para me manter de sobreaviso precisam-se hoje.

Oh!, se eu o tivesse então ao menos escutado, antes de contribuir com estas sessões repetidas para forjar os anéis da corrente que me liga.

Mas irei falar-lhe hoje.

Pedirei desculpa por ter acolhido com tanta ligeireza as suas advertências.

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127