Encantado por conhecê-lo, primo Marshall e muito lisonjeado por ter honrado com a sua presença este triste cantinho do campo.
A cordialidade do seu acolhimento pôs-me imediatamente à vontade; menos não chegaria para compensar a frieza, ou mesmo a incivilidade de mrs. King, uma pessoa alta com aspecto rebarbativo que vi adiantar-se. Embora de origem brasileira, exprimia-se muito bem em inglês, e eu apenas quis ver nos seus modos ignorância dos nossos usos. Ela, porém, não procurou ocultar, nem neste momento nem mais tarde, o pouco prazer que lhe causava a minha visita. Quando me dirigia a palavra fazia-o, sem dúvida, em termos correctos, mas possuía dois olhos bem expressivos, onde li claramente à primeira vista que, do fundo do coração, desejava o meu regresso a Londres.
Pressionado como estava pelas minhas dívidas, e fundamentando na liberalidade do meu parente esperanças vitais, não podia deter-me com escrúpulos de susceptibilidade devido à pouca solicitude da mulher; adoptei o partido de não lhe ligar importância; e, quanto a ele, devolvi-lhe bons modos com bons modos. A nada se furtara para tornar-me a casa confortável. O meu quarto era encantador. Suplicou-me que lhe dissesse tudo o que podia agradar-me. Não sei o que me reteve de confessar que, materialmente, um cheque em branco preencheria esse desiderato; mas reflecti que no estado do nosso conhecimento talvez fosse descobrir-me demasiado cedo. O jantar foi excelente. Ao mesmo tempo que, fumando um dos seus havanos, eu sorvia um café preparado especialmente nas suas plantações, não deixava de concordar que os elogios do meu cocheiro eram justificados e que nunca recebera na minha vida um acolhimento mais completo.
Não obstante a sua bonomia, o meu primo era de uma natureza voluntariosa e capaz de arrebatamento.
