O Sinal dos Quatro - Cap. 12: 12 - A Estranha História de Jonathan Small Pág. 110 / 133

Claro que os senhores sabem tudo acerca disso, mais do que eu, parece-me, visto que não sou dado a leituras. Só sei o que vi com os meus próprios olhos. A nossa plantação ficava num lugar chamado Muttra, perto da fronteira com as províncias do noroeste. Durante muitas noites o céu esteve iluminado com os incêndios das casas, e todos os dias havia pequenos grupos de europeus que passavam através da propriedade com mulheres e filhos, a caminho de Agra, onde estacionavam as tropas mais próximas. O Sr. Abel White era um homem teimoso. Tinha metido na cabeça que o caso estava a ser exagerado e que tudo acabaria de repente como começara. Sentava-se na varanda, a beber uísques e a fumar charutos, enquanto na região todos se agitavam contra ele. Claro que ficámos a seu lado, eu e Dawson, que, com a mulher, fazia a contabilidade e tratava da casa. Bem, um belo dia aconteceu. Eu tinha estado fora numa plantação distante, e voltava calmamente para casa, ao entardecer, quando reparei numa coisa estranha no fundo de uma ravina escarpada. Desci para ver o que era. Senti o sangue gelar-se-me quando vi a mulher de Dawson toda dilacerada e meio devorada por chacais e cães. Um pouco mais adiante, sobre a estrada, estava estendido o próprio Dawson, morto, com um revólver descarregado na mão. Quatro soldados hindus estavam também mortos, estendidos à sua frente. Parei o cavalo, sem saber' que caminho seguir; mas, nesse momento, vi um fumo espesso a sair da casa de Abel White e as chamas a começar a consumir o telhado. Compreendi que já não podia valer ao meu patrão, que seria um suicídio intrometer-me no assunto. Donde estava podia ver centenas de malditos soldados hindus com os seus casacos vermelhos, a dançar e a gritar à volta da casa.




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