O Sinal dos Quatro - Cap. 12: 12 - A Estranha História de Jonathan Small Pág. 118 / 133

»«Quem vem lá», disse eu em voz baixa.

»«Amigos>>, foi a resposta. Descobri a lanterna e voltei a luz para eles. O primeiro era um enorme sikh, com uma barba preta que descia quase até à faixa da cintura. Nunca vira homem tão alto. O outro era um tipo um pouco gordo, com um grande turbante amarelo e, na mão, uma trouxa feita com um xaile. Parecia cheio de medo, tremiam-lhe as mãos como se estivesse atacado por paludismo, e voltava a cabeça para a esquerda e para a direita, com dois olhinhos brilhantes a pestanejar, como um rato que se tivesse aventurado a sair do seu buraco. Arrepiei-me ao pensar que o iam matar, mas lembrei-me do tesouro e o meu coração ficou duro que nem uma pedra. Quando viu que eu era branco, soltou uma exclamação de alegria e correu na minha direcção.

»«Proteja-me, sahib», disse ele, arquejante, «proteja este infeliz mercador Achmet. Viajei através de Rajpootana para procurar abrigo no forte de Agra. Fui roubado, espancado e ultrajado por ser amigo dos Ingleses. Bendita seja esta noite em que me encontro outra vez em segurança. Eu e os meus haveres.»

»«Que traz na trouxa?», perguntei.

»«Um cofre de ferro», respondeu ele, «que contém meia dúzia de coisas de família sem valor, mas que muito me custaria perder. Mas não sou um mendigo; e vou recompensá-lo, jovem sahib, e ao seu comandante também, se ele me der a protecção que peço»

»Não consegui falar durante mais tempo com o homem. Ao olhar para a sua cara gorda e assustada, parecia-me difícil matá-lo a sangue-frio. Era melhor acabar com aquilo.

»«Levem-no à guarda principal», disse eu. Os dois sikhs ladearam-no, o maior seguiu-os, e todos entraram pelo portão escuro. Nunca um homem estivera tão rodeado pela morte.





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