O Sinal dos Quatro - Cap. 12: 12 - A Estranha História de Jonathan Small Pág. 119 / 133

Fiquei junto ao portão com a lanterna.

»Podia ouvir o ruído dos passos deles através dos corredores desertos. De repente, os passos cessaram, escutei vozes, arrastar de pés e o som de socos. Passado um momento, para meu horror, ouvi apressadas passadas vindo na minha direcção e a respiração ruidosa de um homem a correr. Voltei a lanterna para o comprido corredor: lá vinha o homem gordo, a correr desalmadamente, com uma mancha de sangue sobre a cara. Imediatamente atrás, saltando como um tigre, vinha o grande sikh de barba negra, com uma faca a brilhar na mão. Nunca vira um homem correr tão depressa como aquele mercador. Distanciava-se do sikh e vi logo que, se passasse por mim e saísse, conseguiria escapar. Senti pena dele, mas, ao pensar no tesouro, endureceu-se-me o coração. Quando passou por mim atirei-lhe a espingarda para as pernas, e ele deu duas cambalhotas como um coelho ferido de morte. Antes que conseguisse levantar-se, o sikh estava em cima dele e dava-lhe duas facadas. O homem não soltou um gemido nem mexeu um músculo, ficando estendido onde caíra. Acho que deve ter partido o pescoço ao cair. Como vêem, senhores, cumpro a minha promessa. Estou a contar-lhes tudo exactamente como aconteceu, quer isso me favoreça ou não.

Inclinou -se e estendeu as mãos algemadas para pegar no uísque com água que Holmes lhe preparara. Confesso que sentia agora a maior aversão por aquele homem, não só por causa do assassínio a sangue-frio em que estivera envolvido, mas principalmente pelo ar despreocupado com que o narrava. Não sabia que castigo lhe estava reservado, mas senti que não teria pena dele. Sherlock Holmes e Jones sentaram-se com as mãos sobre os joelhos, profundamente interessados na história, mas com a mesma indignação estampada nos rostos.





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