O Sinal dos Quatro - Cap. 4: 4 - A História do Homem Calvo Pág. 27 / 133

Posso dizer que sou um patrono das artes. É a minha fraqueza. Aquela paisagem é um Corot genuíno. Um especialista poderia levantar dúvidas em relação ao Salvator Rosa; mas a autenticidade do Bouguereau é indiscutível. Sou um apreciador da moderna escola francesa.

- Desculpe, Sr. Sholto - disse a Menina Morstan -, mas estou aqui a seu pedido para saber qualquer coisa que deseja contar-me. É muito tarde, e gostaria que o nosso encontro fosse o mais breve possível.

- Vai demorar algum tempo - respondeu ele -, pois decerto que teremos de ir a Norwood ver o mano Bartholomew. Deveremos ir todos, tentar mudar a opinião do mano. Está muito zangado comigo por eu ter decidido fazer o que me parecia mais acertado. Discutimos muito ontem à noite. Não podem imaginar como ele é terrível quando fica zangado.

- Se vamos a Norwood, seria talvez melhor partirmos imediatamente - atrevi-me a observar.

Ele riu até ficar com as orelhas muito encarnadas.

- Não seria o mais indicado! - exclamou. - Não sei que diria ele se eu vos levasse precipitadamente. Não, tenho de vos preparar, pondo-vos ao corrente da situação. Antes de tudo, devo dizer que há nesta história vários aspectos que eu próprio ignoro. Só posso apresentar os factos tal como os conheço.

»O meu pai era, como já devem ter percebido, o Major John Sholto, que pertenceu ao exército indiano. Reformou-se há cerca de onze anos e veio viver para Pondicherry Lodge em Upper Norwood. Prosperara na Índia e trouxe consigo bastante dinheiro, uma grande colecção de valiosas curiosidades e alguns criados nativos. Tirando partido da sua boa situação, comprou uma casa onde passou a viver com grande luxo. O meu irmão gémeo Bartholomew e eu eramos os únicos filhos.





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