O Sinal dos Quatro - Cap. 4: 4 - A História do Homem Calvo Pág. 32 / 133

Ao ouvir a breve referência à morte do pai, a Menina Morstan ficara extremamente pálida, e cheguei a pensar que estava prestes a desmaiar. Recompôs-se, todavia, ao beber um copo de água deitada por mim, calmamente, de uma garrafa veneziana que estava numa mesa ao lado. Sherlock Holmes recostou-se na cadeira, com uma expressão abstracta e as pálpebras caídas sobre os olhos brilhantes. Ao olhar para ele não pude deixar de pensar como nesse mesmo dia se queixara amargamente da banalidade da vida. Aqui estava um problema que, no mínimo, requeria o máximo da sua sagacidade. O Sr. Thaddeus Sholto fitou sucessivamente cada um de nós, com um orgulho óbvio no efeito que a história produzira, e prosseguiu depois por entre as fumaças do seu enorme cachimbo.

- Eu e o meu irmão estávamos, como podem imaginar, muito excitados com o tesouro de que o meu pai falara. Durante semanas e meses cavámos em todos os cantos do jardim sem descobrirmos onde estava. Era de enlouquecer pensar que ele ia revelar o esconderijo exactamente quando morreu. Podíamos imaginar o esplendor das restantes riquezas ao ver o colar que ele nos mostrara. Acerca desse colar o meu irmão Bartholomew e eu tivemos uma discussão. Era evidente que as pérolas tinham grande valor, e ele não queria desfazer-se delas, pois, já que estamos entre amigos posso dizê-lo, o meu irmão tem um pouco o mesmo defeito do meu pai. Também pensava que desfazermo-nos do colar poderia dar origem a bisbilhotices, o que, por fim, nos causaria problemas. Só consegui persuadi-lo a deixar-me obter o endereço da Menina Morstan e enviar uma pérola de tempos a tempos para que, pelo menos, ela nunca tivesse dificuldades.

- Foi uma amável lembrança - disse sinceramente a nossa companheira. - Foi extremamente generoso.





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