O Sinal dos Quatro - Cap. 4: 4 - A História do Homem Calvo Pág. 33 / 133

O homenzinho agitou a mão em sinal de protesto.

- Nós éramos seus depositários. Era esse o meu ponto de vista, embora o mano Bartholomew não fosse da mesma opinião. Tínhamos muito dinheiro. Não desejava ter mais. Além disso, seria de muito mau gosto tratar uma jovem de um modo tão mesquinho. Le mauvais gotu. mêne au crime (o mau gosto leva ao crime). Os Franceses expressam estas coisas muito claramente. A nossa diferença de opiniões acerca do assunto foi a tal ponto que achei melhor arranjar uma casa para mim; deixei Pondicherry Lodge, levando comigo o velho Khitmutgar e Williams. Ontem, porém, soube que um acontecimento de extrema importância ocorrera. O tesouro fora encontrado. Comuniquei imediatamente com a Menina Morstan, e apenas nos resta agora ir a Norwood pedir a nossa parte. Expliquei o meu ponto de vista, ontem à noite, ao meu irmão, pelo que somos, não direi bem-vindos, mas, pelo menos, visitas esperadas.

O Sr. Thaddeus Sholto terminou e continuou com os seus tiques, sentado no luxuoso sofá. Ficámos todos calados, pensando no novo rumo que o caso tomara. Holmes foi o primeiro a pôr-se de pé.

- O senhor procedeu bem sob todos os aspectos - afirmou. - É possível que lhe possamos fazer uma pequena retribuição, lançando alguma luz sobre aquilo que ainda permanece obscuro para si. Mas, como disse a Menina Morstan, é tarde, e seria melhor partirmos sem demora.

O nosso homem enrolou o tubo do narguilé e tirou de trás de uma cortina um comprido sobretudo com gola e punhos de astracã. Depois de o abotoar até ao pescoço, pôs um gorro de pele de coelho com abas caídas, que lhe cobriam as orelhas, de modo que a única parte visível do seu corpo era o rosto agitado e pálido.

- A minha saúde é muito frágil - observou, ao conduzir-nos pelo corredor. - Isso faz de mim um hipocondríaco.





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