O dono da casa estava prostrado numa cadeira de braços, ao pé da mesa, com a cabeça caída sobre o ombro esquerdo e no rosto aquele sorriso horrível, inescrutável. Estava rígido e frio, sendo evidente que morrera há muitas horas. Pareceu-me que não só as suas feições como todos os membros estavam estranhamente retorcidos. Sobre a mesa, junto à sua mão, via-se um instrumento peculiar - uma bengala castanha com um cabo de pedra que parecia um martelo, rudemente envolvido por um entrançado grosseiro. Ao lado, um bocado de papel com algumas palavras rabiscadas. Holmes observou-o e mostrou-mo depois.
- Veja - disse, erguendo significativamente as sobrancelhas.
À luz da lanterna, li com um arrepio de horror:
O sinal dos quatro.
- Meu Deus, que significa tudo isto? - perguntei.
Significa assassínio - retorquiu inclinando sobre o homem morto. - Ali! Eu bem suspeitava. Veja isto!
Apontou para o que podia ser um espinho comprido e escuro espetado na pele por cima da orelha.
- Parece um espinho - afirmei.
- É um espinho. Pode tirá-lo. Mas tenha cuidado, pois está envenenado.
Agarrando-o entre o polegar e o indicador, puxei-o cuidadosamente. Saiu facilmente da pele, não deixando praticamente qualquer marca. Uma pequena gota de sangue apareceu no sítio da picada.
- Isto para mim é tudo um mistério insolúvel - disse eu. - Em vez de se esclarecer cada vez fica mais obscuro.
- Pelo contrário - respondeu Holmes -, cada vez se torna mais claro. Só preciso de encontrar mais alguns elos da cadeia para ter um caso perfeitamente coerente.
Quase que esquecêramos a presença do nosso companheiro desde que entrámos no quarto.