O Sinal dos Quatro - Cap. 10: 10 - O Fim do Homem da Ilha Pág. 95 / 133

Com a vibração das máquinas tudo estremecia como uma coisa viva. Uma grande lanterna amarela, na proa, lançava um longo e trémulo feixe de luz à nossa frente. Uma mancha escura sobre a água indicava onde estava a Aurora, e o turbilhão de espuma branca que deixava para trás mostrava a enorme velocidade a que ia. Serpenteávamos rapidamente por entre lanchas, vapores e barcos de mercadorias. Vozes chamavam-nos da escuridão, mas a Aurora continuava a sua marcha alucinante, e nós seguíamo-la a curta distância.

- Mais carvão! Mais carvão! - gritou Holmes, olhando para dentro da casa das máquinas, com a luz da lanterna a incidir sobre o seu impaciente rosto aquilino. - Ponham as máquinas a todo o vapor.

- Parece que nos estamos a aproximar - disse Jones, fitando fixamente a Aurora.

- Tenho a certeza de que sim - retorqui. - Vamos apanhá-la dentro de poucos minutos.

Nesse momento, porém, por má sorte nossa, um rebocador que puxava três barcas atravessou-se diante da lancha. Dificilmente conseguimos evitar uma colisão, e, enquanto contornávamos as embarcações para retomar o nosso caminho, a Aurora adiantou-se uns bons duzentos metros. Manteve-se, no entanto, bem visível. Entretanto, o crepúsculo sombrio e incerto ia-se transformando numa noite clara, iluminada por estrelas. As nossas caldeiras davam o seu máximo - a frágil embarcação vibrava e rangia com a violenta energia que nos fazia avançar. Passámos velozmente sob a Ponte de Londres, deixámos para trás as docas de West India, descemos Depthford Reach e circundámos a Isle of Dogs. A mancha escura à nossa frente transformara-se agora, com toda a nitidez, na graciosa Aurora. Jones fez incidir a lanterna sobre ela, de modo que pudemos ver as figuras sobre o convés.





Os capítulos deste livro