O Sinal dos Quatro - Cap. 10: 10 - O Fim do Homem da Ilha Pág. 94 / 133

- Uns tipos com mau aspecto. Mas creio que cada pessoa tem uma pequena centelha de imortalidade escondida dentro de si. Ninguém o diria, ao olhar para eles. Não há nenhuma certeza a priori em relação a isso. O homem é um estranho enigma!

- Alguém lhe chamou uma alma oculta num animal... - sugeri.

- Winwood Reade trata bem do assunto - disse Holmes. - Afirma que o indivíduo é um quebra-cabeças insolúvel, mas quando integrado num grupo torna-se uma certeza matemática. Nunca é possível, por exemplo, predizer o que alguém fará, mas pode afirmar-se com precisão qual será a reacção de um grupo numeroso. Os indivíduos variam, enquanto as percentagens se mantêm constantes. Assim o afirma a estatística. Aquilo é um lenço? Há ali uma coisa branca a esvoaçar.

- Sim, é o seu rapaz! - exclamei. - Vejo-o perfeitamente.

- E ali vem a Aurora - disse Holmes -, e depressa como o diabo! Avance a toda a velocidade, maquinista. Atrás daquela lancha com a luz amarela. Meu Deus, nunca perdoarei a mim próprio se a deixarmos escapar!

A lancha deslizara, sem que a víssemos, pela saída do estaleiro e passara entre duas ou três embarcações, de maneira que adquirira bastante velocidade antes de surgir diante de nós. Encostada à margem, descia agora, velozmente, o rio. Jones olhou-a com ar grave e abanou a cabeça, dizendo:

- É muito veloz. Duvido que a consigamos apanhar.

- Temos de a apanhar! - gritou Holmes. - Mais carvão, fogueiros! O máximo possível! Se formos a todo o vapor, havemos de os apanhar!

Íamos agora razoavelmente perto da outra lancha. As fornalhas rugiam, as máquinas potentes zumbiam e ressoavam como um grande coração metálico. A proa afilada cortava as águas tranquilas do rio, fazendo ondas para a esquerda e para a direita.





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