Camões - Cap. 7: CANTO SÉTIMO Pág. 121 / 177

XIV

Já da tuba a Calíope travando,

Em tarso stilo, e não de inchada pompa,

Mas - qual fluente e majestoso rio

Por suas ribas magnífico se espraia -

Tal por seu grande assunto o vate imenso.

XV

No largo oceano, em próspera bonança

As atrevidas naus vão navegando.

Dos céus o alto poder sublime e dino

A conselho as menores potestades

Sobre tamanha empresa convocava.

Cuidas ver, lá num trono de diamante

Sentado o pai dos numes; por seus lábios

Fulge o louvor da lusitana gente,

Pasmo e terror do mundo. É seu propósito

De mor glória lhe dar no ignoto Oriente.

De Nisa o vencedor cioso impugna

A sentença do númen. Quem sustenta

A heróica Lísia? E Vénus, Vénus bela,

Afeiçoada a um povo, das romanas

Qualidades herdeiro, e cuja língua

Com pouca corrupção crê que é latina;

Um povo tão zeloso de seu culto,

Tão devoto amador de seus altares!

O fado o decretou, Jove o confirma;

Abram-se as portas do Oriente aos Lusos.





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