CANTO NONO Mas quem pode livrar-se porventura
Dos laços, que amor arma brandamente
Lusíadas
I
Não sabia em que modo lhe mostrasse
Ao vate sublimado o rei mancebo,
O entusiasmo, o vivo prazer d’alma
Que lhe inspiraram as canções divinas.
Louva a escolha do assunto, a arte engenhosa
Que num só quadro majestoso e grande
Todos uniu da portuguesa história
Os memorandos feitos, varões dignos
De eternidade e fama: louva o stilo
Nobre e tarso, de pompa ou singeleza,
Qual o pede a matéria; o sacro fogo
Do pátrio amor, de glória, de heroísmo
Que, dum por um, nos versos lhe cintila
De cortesãos, aplaudem co monarca
Alguns; outros sinceros congratulam
O trovador moderno que descanta
Na doce lira o que perfaz coa espada
Trasborda em júbilo a alma generosa
Do honrado Menezes.