O Garimpeiro - Cap. 8: VIII – ELIAS Pág. 65 / 147

- Não lhe agouro bem, - dizia Azevedo referindo-se ao casamento de Leonel. - Estas moçoilas da roça na sala são umas santinhas; nem sabem falar; são todas modéstia e pudor. Mas por detrás das portas e pelos quintais, ai! ai! há que se lhe diga. O noivo que rogue a Deus que não volte lá desses sertões do Sincorá certo rapazola que eu conheço.

Mas todos esses ditérios eram filhos do despeito de certos descontentes.

A maioria da população bagagense, de que o baiano por suas liberalidades e suas maneiras sedutoras tinha adquirido a estima e simpatia, aprovava e aplaudia sinceramente e de todo coração aquele feliz consórcio.

Leonel continuou a frequentar ainda com mais assiduidade a casa do Major, onde quase todas as noites havia belas reuniões, tocatas e saraus.

Eram essas horas as mais cruéis para Lúcia, como bem se pode avaliar, que em sua nobre e sublime dedicação fazia esforços heróicos para dissimular a angústia que lhe ralava o coração. Não queria que por modo algum seu pai suspeitasse quanto era duro e doloroso o sacrifício que lhe tinha imposto, e procurava fingir que de boa mente se conformava com a sua nova sorte. À força de vontade conseguia dar a seu semblante e a suas palavras um ar, se não de contentamento, ao menos de serenidade melancólica, que dava novo realce à sua nobre e graciosa fisionomia.

Corria então a quaresma, e como nesse tempo são proibidas as bênçãos matrimoniais, forçoso foi adiar para mais tarde o casamento, que pelo voto de Leonel e do Major teria tido lugar imediatamente.

Já uns quinze dias se tinham passado, depois que Lúcia esperava resignada o dia tremendo, em que ia irrevogavelmente imolar a felicidade de seu coração aos interesses de seu pai e de sua irmã. O altar do himeneu ia ser o patíbulo, e o leito nupcial o túmulo de sua felicidade.





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