Já tinha tido ameaços na rua. E com uma força!
Sebastião tomou logo o chapéu:
- E eu a maçá-la! É necessário alguma coisa? Quer que vá chamar o médico?
- Não! Vou-me deitar um momento; passa logo.
Que não apanhasse ar, ao menos, recomendava ele. Talvez sinapismos ou limão nas fontes... E em todo o caso, se não estivesse melhor que o mandasse chamar...
- Isto passa! E apareça, Sebastião! Não se esconda...
Sebastião desceu, respirou largamente; e pensava:
- "Eu não me atrevo, Santo Deus!..." - Mas à porta, ao levantar os olhos, no fundo escuro da loja de carvão o vulto enorme da carvoeira, de chambre
branco, estendendo o olhar, cocando; por cima, três das Azevedos, entre as velhas cortinas de cassa, juntavam as suas cabecinhas riçadas nalgum conciliáculo maligno! Por trás dos vidros a criada do doutor costurava, com olhares de lado, a cada momento, que lambiam a rua; e ao lado, na loja de móveis, Sentiam-se as expectorações do patriota.
- "Não passa um gato que esta gente não dê fé!" - pensou Sebastião. "E que línguas! Que línguas! Devo fazê-lo, ainda que estoure! Se ela amanhã está melhor, digo-lhe tudo!"
Estava com efeito já boa, às nove horas, no dia seguinte, quando Juliana a foi acordar, com "uma cartinha da senhora D. Leopoldina".
A criada de Leopoldina, a Justina, uma magrita muito trigueira, de buço e esperava na sala de jantar. Era amiga de Juliana; beijocavam-se muito, diziam-se sempre finezas. E depois de ter guardado a resposta de Luísa num cabazinho que trazia no braço, traçou o xale e muito risonha:
- Então que há por cá de novo, Sra. Juliana?
- Tudo velho, Sra. Justina. E mais baixo:
- O primo da senhora, agora, vem todos os dias. Perfeito rapaz! Tossiram ambas, baixinho, com malícia.