No entanto o trintenário continuava debruçado na guarita, sem poder arranjar lá dentro o troco de uma libra. Foi necessário Craft saltar da almofada, ir lá parlamentar - enquanto Carlos, impaciente, raspando com o chicote as ancas das éguas, luzidias como um cetim castanho, riscava no largo uma volta brusca e nervosa. Desde o Ramalhete viera assim governando, irritadamente, sem descerrar os lábios. É que toda aquela semana, desde a tarde em que combinara com o Dâmaso a visita aos Olivais, fora desconsoladora. O Dâmaso tinha desaparecido, sem mandar a resposta dos Castro Gomes. Ele, por orgulho, não procurara o Dâmaso. Os dias tinham passado, vazios; não se realizara o alegre idílio dos Olivais; ainda não conhecia Madame Gomes; não a tornara a ver; não a esperava nas corridas. E aquele domingo de festa, o grande sol, a gente pelas ruas, vestida de casimiras e de sedas de missa, enchiam-no de melancolia e de mal-estar.
Uma caleche de praça passou, com dois sujeitos de flores ao peito, acabando de calçar as luvas; depois um dog-cart, governado por um homem gordo, de lunetas pretas, quase foi esbarrar contra o Arco. Enfim, Craft voltou com o seu bilhete, tendo sido descomposto pelo homem de barbas proféticas.
Para além do arco, a poeira sufocava. Pelas janelas havia senhoras debruçadas, olhando por debaixo de sombrinhas. Outros municipais, a cavalo, atravancavam a rua.