Gente de Dublin - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 6 / 117

quando o pai de Eveline soube do que se passava, proibiu a filha de andar com ele.

- Eu conheço bem esses marinheiros - disse.

Um dia questionou com Frank e, depois disso, Eveline viu-se obrigada a encontrar o seu amigo secretamente. A noite invadia a Avenida. Já quase não se distinguia a brancura das duas cartas que Eveline tinha no regaço. Uma era para Harry; a outra para o pai. Ernest tinha sido o seu favorito, mas também gostava de Harry. O pai, ultimamente, estava a envelhecer muito, e Eveline iria fazer-lhe falta. Às vezes ele conseguia tornar-se agradável. Um dia que Eveline estava doente, o pai lera-lhe uma história de fantasmas e fizera- -lhe torradas no fogão. Outra vez, ainda a mãe era viva, tinham ido todos a um pique- nique ao monte de Howth. Ainda hoje se lembrava do pai a pôr o chapéu da mãe para fazer rir os miúdos.

O tempo passava, mas Eveline continuava com a cabeça encostada às cortinas. Longe ouvia-se um órgão a tocar. Eveline conhecia aquela ária. Era estranho ouvi-la naquela ocasião, porque a fazia lembrar de uma promessa feita à mãe, de tomar conta da casa. Via perfeitamente a última noite





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