O Retrato de Dorian Gray - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 142 / 335

Quando acordou, passava já muito do meio-dia.

O criado já várias vezes viera em bicos de pés ver se ele estava desperto, e, admirado, não sabia por que motivo o patrão dormia até tão tarde. Finalmente retiniu a campainha. Victor entrou de mansinho, com uma chávena de chá e um montão de cartas, num pequeno tabuleiro de velha porcelana de Sévres, e afastou os cortinados de cetim cor de azeitona, forrados de azul, que guarneciam as três janelas.

- V. Exª dormiu bem esta manhã - disse o criado, sorrindo.

- Que horas são, Victor? - perguntou Dorian Gray, sonolentamente.

- Uma hora e um quarto.

Que tarde era! Sentou-se na cama, e, tendo sorvido uns goles de chá, pegou nas cartas. Uma era de Lord Henry, e havia sido trazida de manhã por mão própria. Hesitou por um momento, e depois pô-la de parte. Abriu as outras indiferentemente. Continham a habitual colecção de cartões, convites para jantar, bilhetes para exposições particulares, programas de concertos de caridade e quejandos, que, durante a temporada, todas as manhãs chovem sobre os rapazes elegantes.





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