Camões - Cap. 1: CANTO PRIMEIRO Pág. 2 / 177

inconsolável,

E até ao triste ao infeliz proscrito

- Dos entes o misérrimo na terra -

Ao regaço da pátria em sonhos levas,

- Sonhos que são mais doces do que amargo,

Cruel é o despertar! - Celeste númen,

Se já teus dons cantei e os teus rigores

Em sentidas endechas, se piedoso

Em teus altares húmidos de pranto

Depus o coração que inda arquejava

Quando o arranquei do peito malsofrido

À foz do Tejo - ao Tejo, ó deusa, ao Tejo

Me leva o pensamento que esvoaça

Tímido e acovardado entre os olmedos

Que as pobres águas deste Sena regam,

Do outrora ovante Sena. Vem, no carro

Que pardas rolas gemedoras tiram,

A alma buscar-me que por ti suspira.

II

Vem; não receies a acintosa mofa

Desta volúvel, leviana gente:

Não te conhecem eles. - Eia, vamos!

Deixa o caminho da infeliz Pirene:

Tais mágoas, como aí vão, poupa a meus olhos;

Assaz tenho das minhas.





Os capítulos deste livro