- Mas onde está nada disso entre nós? As escolas de equitação seriam úteis, sem dúvida; mas as cavalhadas e todos os espetáculos equestres seriam um complemento delas, porque estimulariam os moços a se exercerem nessa arte oferecendo-lhes ocasião de exibirem em público sua agilidade e galhardia. Ninguém frequentaria as escolas de música ou de qualquer outra arte agradável, se não houvesse ocasião de apresentar em público, em ocasiões solenes como nas igrejas e nos teatros, seu talento e maestria. Para nós, porém, que desde a infância andamos a cavalo, essas escolas são muito dispensáveis, e mesmo sem elas sabemos, não só governar, como domar e doutrinar os mais fogosos animais, e quando é ocasião de nos apresentarmos em público; em breve o senhor poderá julgar se somos ou não bons cavaleiros.
- Ah! pelo que vejo, o senhor também é um dos corredores da cavalhada? Nesse caso peço-lhe mil perdões pelo que tenho dito; mas, meu amigo, a falar-lhe com franqueza, não lhe invejo o gosto.
- Embora!... O senhor acha ridícula a cavalhada; mas, pergunto eu, qual será mais ridículo, uma cavalhada ou um baile? Quem se presta mais ao debique público: aquele que dirige e sopeia um generoso corcel no meio da liça, sopesando uma lança ou brandindo uma espada, ou aquele que ao lado de uma dama arrasta os pés em um salão, fazendo mesuras, trejeitos e requebros? Qual será a prenda mais útil e mais nobre, a dança ou a equitação? Qual será mais proveitoso ao país, um bom dançarino ou um bom cavaleiro?
O negociante sentiu-se um tanto desconcertado com as calorosas tiradas do jovem sertanejo em defesa das cavalhadas, e que eram interrompidas continuamente pelos aplausos e animadores apartes do Major.