Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: II- A CAVALHADA

Página 15
e nobre arte, dando-lhes ocasião de alardear o seu garbo e destreza em dirigir um possante e fogoso ginete aos olhos do público, e às vezes também de uma amante querida, que do fundo do seu palanque o anima com um olhar, ou com um sorriso.

Dizendo estas últimas palavras, Elias lançou furtivamente sobre Lúcia um olhar rápido.

- Triste meio de agradar às belas, fazendo papel de truão!, - exclamou com uma gargalhada o jovem negociante.

- É mais nobre e cavalheiresco - retorquiu Elias - do que o namoro nos bailes e nas igrejas, que é tão comum hoje. E ainda nisto a cavalhada é uma semelhança dos antigos torneios, nos quais os campeões tinham sempre uma dama dos seus pensamentos, pela qual iam romper lanças na sanguinosa liça.

- Oh! meu senhor! Já lá se foi o tempo dos D. Quixote e das Dulcinéias - disse o negociante.

- É verdade; hoje estamos no tempo dos melcatrefes e dos bonecos almiscarados; duvido que melhorássemos nesse ponto. O uso de correr cavalhadas também produziria ainda uma outra vantagem, e seria inspirar aos nossos fazendeiros o gosto pela criação de bons e bonitos animais, tendo mais capricho na escolha e apuração das raças cavalares, coisas de máxima importância, e que em nosso país se trata com o maior desleixo. A cavalaria é uma das armas mais poderosas, principalmente nas guerras da América, onde ela é indispensável, e sem bons cavalos e bons cavaleiros não pode haver boa cavalaria. Quando a arte for uma arte inútil, quando a carreira militar for uma profissão ignóbil e desprezível, então a cavalhada será um espetáculo só próprio para bobos e crianças.

- Não creia que hão de ser as cavalhadas, que se correm de anos em anos, quando se correm, que nos hão de dar bons cavaleiros, nem bons cavalos.

<< Página Anterior

pág. 15 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 15

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137