O Garimpeiro - Cap. 3: III- NA ROÇA Pág. 32 / 147

. mas, ah! Major! queira Deus que bem cedo não te arrependas do pouco caso que hoje fazes de mim, e não venhas humilhado implorar o perdão a meus pés. Major! Por ti só, tu nada vales; e esse teu vil procedimento eu o lançaria ao desprezo, sem que me custasse um só momento de sono. Mas tua filha vale um tesouro e é por ela e para ela que eu juro e protesto... serei rico, ou do contrário nem tu, nem ela, nem mais ninguém neste mundo me verá a face.

As relações entre Lúcia e Elias estavam, pois, completamente interceptadas. Há muito tempo não se viam senão à hora do jantar com a família. Este era para eles o pior dos martírios. Iam-se separar sem poderem dizer-se um adeus... Um medianeiro seria para eles naquela ocasião um presente do céu, para se comunicarem suas angústias, receios, e esperanças, se esperanças podiam ter. Só Lúcia poderia achar um meio de comunicação entre eles. Lúcia lembrou-se de Joana; era a única pessoa a quem podia incumbir de tão melindrosa tarefa. Ela sabia muito bem que a velha e matreira crioula já estava ao fato de seus amores com Elias, e portanto nada arriscava encarregando- a de um recado ou de um bilhete.

- Joana, tu hás de me fazer uma coisa!...

- Por que não, sinhazinha?... qual é essa coisa?

- Entregar-me este bilhete a meu mestre.

- Para que isso, minha sinhá?... esqueça-se desse moço! amanhã ele vai-se embora...

- É por isso mesmo; quero dizer-lhe adeus. Entregas?

- Eu sei!... Nhonhô sabendo não há-de gostar; ele já anda ressabiado, e me recomendou que não deixasse sinhazinha andar sozinha.

- E que necessidade há-de que ele saiba?... isso não faz mal; o moço tem de retirar-se e talvez nunca mais nos encontremos- disse a moça suspirando.

- Ah! sinhá! eu... não..





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