O Garimpeiro - Cap. 4: IV- O GARIMPO Pág. 38 / 147

- Já que estou aqui, patrão, vou ver se acho a sua estrela de pedra. Também o patrão não vai para longe; se precisar de mim, é um pulo. Compre um pedacinho de grupiara, e deixe-me trabalhar.

- Ah! Meu velho Simão - exclamou o moço, logo que os outros se retiraram - estou perdido! estou desesperado! não sei o que faça.

- Garimpar, patrão, garimpar! não desanime tão depressa; joguemos a última cartada.

- Mas, Simão, se isto continuar assim, e continua, estou certo, em breve não terei mais com que pagar as poucas praças que tenho no serviço.

- Não importa, patrão; pode mandá-los embora; eu sozinho trabalharei. Quando se tem de ser feliz, tanto vale ter uma como dez ou cem praças; e não sei porque é, tenho mais fé quando trabalho sozinho.

- Trabalha para ti, meu pobre Simão; estás velho, precisas guardar alguma coisa para quando não puderes mais trabalhar. Eu mesmo, infeliz de mim! não sei se te poderei valer em tempo algum. Deixa-me entregue à minha má ventura; é loucura lutar contra o destino... ah! Lúcia... Lúcia... nunca mais te verei! E o moço pendeu a cabeça e tapou os olhos com as mãos, mergulhado em profunda tristeza.

- Pobre de meu patrão!... o que é isso!... tenha ânimo! quem porfia mata caça... o patrão há-de ser rico, e há-de casar com essa Lúcia, em que está sempre a falar. Há uma voz que sempre me diz cá dentro que o patrão há-de ser rico, e há mesmo. Já fiz uma promessa a Nossa Senhora do Patrocínio, e ela nos há-de valer.

- Assim te ouça ela, Simão. E eu não queria lá grandes riquezas. bastava achar neste chão uma soma qualquer para me servir de princípio; cinco contos, quatro, dois mesmo já me chegavam para servir de base a excelentes especulações. Com atividade e o pouco de inteligência que Deus me deu, eu os faria multiplicarem-se em minhas mãos em pouco tempo.





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