A companhia ainda era pouco numerosa: com um gesto o Major convidou Leonel para a mesma janela em que os vimos conversar pela primeira vez.
O Major começou o diálogo.
- Senhor Leonel, tenho esperanças de que Lúcia aceitará com prazer a mão de esposo que o senhor lhe oferece. Mas, quando ontem conversamos, esqueci-me de tocar em um ponto que entretanto não lhe devo ocultar. O prazer que senti ao ouvir sua proposta provavelmente me fez passar pela ideia esse objeto. Enfim, para encurtar razões, talvez o senhor Leonel, como outros muitos, esteja em engano a respeito de minha posição pecuniária, e…
- Basta, senhor major; peço-lhe que não toque em tal assunto, se não quer ofender-me. Eu nunca indaguei, e nem indago quais são os seus haveres. Mercê de Deus, possuo alguma coisa para não precisar...
- Não se enfade, senhor Leonel; não é nesse sentido que falo; bem conheço o seu desinteresse. Mas todavia ficaria com um escrúpulo n’alma, se não lhe fizesse essa revelação e não lhe declarasse que estou arruinado.
- Deveras, senhor Major?...
- É a pura verdade; completamente arruinado. Este maldito garimpo, que seduz e cega o homem mais do que a mesa do jogo ou a meretriz artificiosa, tem-me devorado em pouco tempo todos os meus haveres, uma sofrível fortuna adquirida à custa de longos anos de trabalho na lavoura e no comércio, sem a mínima compensação. Minha fazenda, meus escravos estão hipotecados quase até o último, e em breve a miséria virá bater-me à porta.