Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE

Página 73
E esta? também será falsa?

- Ainda mais falsa do que a outra, se é possível, exclamou o negociante, apenas olhou para a nota. Ah! meu caro senhor Elias, como é que foi deixar-se embaçar por essa maneira?...

- Falsa! falsa!... deveras? !... murmurava o moço com voz rouca e abafada.

- É o que lhe digo, meu amigo; ninguém aqui na Bagagem dará cinco réis por qualquer dessas notas.

- Em que mundo andei eu, pois, meu Deus! Meu Deus! estou perdido! perdido para sempre! E, atirando-se sobre um tamborete, que estava perto do mostrador, apertava convulsivamente a cabeça entre as mãos.

- Perdido por tão pouca coisa? por uns 70$000! o caso não é para tanto, meu amigo.

- Prouvera ao céu fosse só isso!... soluçou Elias com voz apenas inteligível.

- Como diz?... então não é só isso?...

Elias já não ouvia mais; estava aniquilado debaixo da nova e horrível catástrofe que acabava de fulminá-lo.

Traído em seu amor, vira na véspera derrocado em um momento o formoso castelo de suas esperanças, construído com tanto enlevo nos sonhos de dois anos de inquietações e trabalhos. Quando ia colocar a pedra do remate na cúpula do edifício, ei-lo que de súbito se desmorona até os fundamentos. Restava-lhe ainda a fortuna, consistente em algumas dezenas de contos, que à força de vontade, inteligência e atividade adquirira no Sincorá.

- De que me serve este dinheiro? - dizia ele na véspera. À força de muito querer e muito trabalhar eu o ganhei por amor de Lúcia e para Lúcia. Agora, que Lúcia me abandona, eu o veria queimar-se com a mesma impassibilidade com que vejo arder este cigarro.

Mas pensava o mancebo que de feito no outro dia, a uma só palavra, toda aquela riqueza ia esvaecer-se como o fumo! mas ah! no momento da catástrofe, essa impassibilidade com que contava também se esvaeceu em presença da cruel realidade.

<< Página Anterior

pág. 73 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137