A Guerra das Gálias - Cap. 10: LIVRO VIII Pág. 226 / 307

Com efeito o sinal vulgar de uma invasão do inimigo, quer dizer o incêndio das construções, fora suprimido pela proibição de César, para evitar que faltasse forragem e trigo, se quisesse avançar mais longe ou dar alarme com incêndios. Tinham sido feitos vários milhares de prisioneiros, e dos Bitúriges assustados aqueles que tinham podido escapar ao primeiro choque com os Romanos refugiaram-se nos Estados vizinhos, fiando-se nos laços de hospitalidade ou na aliança que os unia. Em vão: porque César, em marchas forçadas, acorreu a todos os pontos, e não deu a nenhum Estado tempo de pensar na salvação dos outros mais que na sua própria. Esta rapidez retinha no dever os povos amigos e reconduzia pelo terror aqueles que hesitavam em aceitar a paz. Postos perante tal situação os Bitúriges, que viam como a clemência de César lhes abria novo acesso na sua amizade, e como os Estados vizinhos não tiveram de suportar outra pena que não fosse entregar reféns e declarar a sua submissão, imitaram o seu exemplo.

IV - Para recompensar os seus soldados de tanta fadiga e paciência e de terem suportado com tanta constância estas fadigas na estação dos dias curtos, por caminhos muito difíceis, por frios intoleráveis, César promete-lhes como gratificação, a título de saque, duzentos sestércios por cabeça, e mil aos centuriões; depois envia as legiões para os seus quartéis de Inverno, e volta, após uma ausência de quarenta dias a Bibracte. Como ali administrasse justiça, os Bitúriges enviam-lhe deputados para pedir a sua ajuda contra os Carnutes que, diziam eles, lhes tinham declarado guerra. A esta notícia, ainda que não tivesse ficado senão dezoito dias em Bioracte, tira dos seus quartéis de Inverno no Saône a décima quarta e a sexta legiões, que ali tinham sido colocadas, como se disse no livro anterior dos Comentários, para assegurar o abastecimento de trigo.





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