Acabou isto assim. O bravo oficial portou-se bem comigo, daí em diante. A senhora caiu em si e viu que não tinha razão. Deixou-me.
Cinco anos depois, pedi em Lisboa notícias da Sra. D. Catarina, e soube que ela estava no Pará com o seu irmão, senhores de alguns centenares de contos, herdados de um tio. Esperavam-se então na corte, visto que D. Catarina mandara comprar um palácio arruinado em Benfica e apressar a reedificação com a máxima opulência de arquitectura. Perguntei pelos burrinhos de Cacilhas, e o maganão a quem fiz a pergunta disse-me que procurasse uns no Ministério e outros no Parlamento. Era um destes Voltaires do Chiado que fazem espírito, mesmo à custa dos seus parentes e amigos.
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Ninguém me há de acreditar a história da quarta mulher. Quer creiam, quer não, ela ai vai com pouca arte, a ver se a sua mesma desnudez a faz menos incrível.
Fui um dia de agosto a Porto Brandão, onde estava a banhos um meu amigo. Numa quinta para lá da encosta houve uma reunião de famílias de Lisboa, à qual fui convidado. O meu amigo apresentou-me a um cavalheiro, que me tomou o braço e me apresentou a algumas senhoras, todas galantes, palreiras e doutoras em Paulo de Kock.
Pedi miúdos esclarecimentos acerca de todas, e particularmente da mais bonita e modesta. O cavalheiro de todas disse mal, mal, porém, que eu indultei cordialmente, defeitos que são enfeites, vícios que alindam as formosas e denigrem as feias.