Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: Capítulo 8

Página 204

- E onde estás tu, Alencar? perguntou logo Carlos.

- Pois onde queres tu que eu esteja, filho? Lá estou com a minha velha Lawrence. Coitada! está bem velha! mas para mim é sempre uma amiga, é quase uma irmã!... E vocês, que diabo? Para onde vão vocês com essas flores nas lapelas?

- A Sitiais... Vou mostrar Sitiais ao maestro.

Então também ele voltava a Sitiais! Não tinha nada que fazer senão sorver bom ar, e cismar... Toda a manhã andara ali, vagamente, pendurando sonhos dos ramos das árvores. Mas agora já os não largava; era mesmo um dever ir ele próprio fazer ao maestro as honras de Sitiais...

- Que aquilo é sítio muito meu, filhos! Não há ali árvore que me não conheça... Eu não vos quero começar já a impingir versos; mas enfim, vocês lembram-se de uma coisa que eu fiz a Sitiais, e de que por aí se gostou...

Quantos luares eu lá vi!

Que doces manhãs d'abril!

E os ais que soltei ali

Não foram sete, mas mil!

Pois então já vocês vêem, rapazes, que tenho razão para conhecer Sitiais...

O poeta lançou ao ar um vago suspiro, e durante um instante caminharam todos três calados.

- Diz-me uma coisa, Alencar, perguntou Carlos baixo, parando, e tocando no braço do poeta. O Dâmaso está na Lawrence?

Não, que ele o tivesse visto. Verdade seja que na véspera, apenas chegara, fora-se deitar, fatigado; e nessa manhã almoçara só com dois rapazes ingleses. O único animal que avistara fora um lindo cãozinho de luxo, ladrando no corredor...

- E vocês onde estão?

- No Nunes.

Então o poeta parando de novo, contemplando Carlos com simpatia:

- Que bem que fizeste em arrastar cá o maestro, filho!... Quantas vezes eu tenho dito àquele diabo, que se metesse no ónibus, viesse passar dois dias a Sintra. Mas ninguém o tira de martelar o piano. E olha tu que mesmo para a música, para compor, para entender um Mozart, um Chopin, é necessário ter visto isto, escutado este rumor, esta melodia da ramagem...

<< Página Anterior

pág. 204 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 204

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605